A noite cai
E eu fico à espera
Uma luz que de ti sai
De um fundo no vácuo da escuridão
Corro a mente como quem desespera
Sem alcançar os traços desalinhados
Como que uma tremenda paixão
Solto os gritos bem dentro de mim
Persiste a ignorância de um louco prazer
Deixo livre e fico à espera do fim
Como quem não consegue esquecer
O caminho se perde, mas o sangue não
Quente e escorregadio
Tão breve e sombrio
Como que uma simples razão
Boneca falsa, sua cor realça
Molda-te
Longe tempo, vida volta e trespassa
Estica a mentira, padece e vai tecer
Volta o risco, largo feitiço que esvoaça
Queima injúrias, raras cinzas perder
Molda-se a chama, o corpo abraçar
Pintura sincera, cargo trabalhoso cegar
Corre sangue, animal sentido caça
Pensa dor, veneno doce a correr
Senta-se o medo, velha cruz ultrapassa
Estátua ambígua, falsidades escurecer
Sonho de nós, uns sorrisos, pensa acalmar
Nudez vaga e sólida, só escondido olhar
Pérola de chumbo, entra, sai, escorraça
Parte e rompe a visão, tem de temer
De neófito voz, chama crua e amassa
Esconderijo solta e abre, traz para ver
Confiança diminuta, cérebro fraco bloquear
Escrita personalizada, poeta triste atrasar