Sofro mal, desfloras num olhar
Um rio que venera, seu medo de lutar
Povo, doença, melancolia
Tudo pensa, tudo fala, ninguém fazia
Sabes o que aflui, consomes sem contar
Corrupio desejoso, meu transpirar
Povo, doença, melancolia
Tudo pensa, tudo fala, ninguém fazia
Opressões, paraíso de um brilhar
Versos soltos, trilhos a continuar
Povo, doença, melancolia
Tudo pensa, tudo fala, ninguém fazia
Fácil de usar, hábil quem sabe gostar
Pensamentos lidos, percussões a suspirar
Povo, doença, melancolia
Tudo pensa, tudo fala, ninguém fazia
Mansidão, alcanças sem saber honrar
Perturbações, eixos de um elo queimar
Povo, doença, melancolia
Tudo pensa, tudo fala, ninguém fazia
Incertezas, espírito deixas de amar
Veneno novo, traições que vão deixar
Povo, doença, melancolia
Tudo pensa, tudo fala, ninguém fazia
Nasces incerteza
Mar
No meio de um vácuo
Do supérfluo realismo
Surge uma alma descansada
Com devaneios e loucuras
Oh Mar que partiste!
Mas me trouxeste de volta
Recordações belas e sombrias
De lápides brancas a escurecer
Oh Mar que deixaste!
Uma nódoa por si só vazia
Linhas repartidas
Que do mundo se sobrepõem
Perdendo o sono sem ver
O que não mais pode voltar
Descendo por um rasgo pano
Do longo traço escondido
Sem ligar aos deuses
De um ar destemido
Oh Mar que partiste!
Percorres só o que vês
Se tudo fosse o que existe
Sem ti não sou o que sei
Sabes sem sentir
De um sentimento sem olhar
Sabedoria que encontraste
Uma nua veia no teu amar
Oh Mar que deixaste…
Coimbra
Coimbra do Mondego
Terra de saudades
Olho para ti beleza
De eternas felicidades
Coimbra do choupal
De fados e canções
Vou-te levar para sempre
Estás nos nossos corações
Lágrimas que choro
Porque agora vou partir
Agradeço-te por tudo
Por um dia me fazeres sorrir
Cidade bela que deixaste
A tua história marcada
O teu marco é puro
Mesmo numa luz apagada
Recordações e vivências
Numa vida risonha
Paixões e amarguras
De um Homem que sonha
Oh Coimbra ñ me deixes
Aqui só e abandonado
Deixa-me ficar
Contigo enamorado
Sol-e(n)tras
Soletras uma palavra
Com um leve sacrifício
Ternura que pintas
Um amargo escarnecer
Do sopro perverso
Sofre o sangue a correr
Passas de um veio
No monte que vai perder
Soletras uma palavra
Com um sonho indolor
Feitiço que escorres
Num lume brando a ferver
Do som que se cheira
Perdes-te sem ouvir dizer
Tornas fiel o inútil
Na cascata a correr
Soletras uma palavra
Com a cara meio rasgada
Mancha que te ficas
Em algo que não quer ser
Do desvio solitário
Estado de quem desaparecer
Levas o que te toca
No cérebro esmorecer